Ménage

De anjo a diabo!

De Anjo a Diabo!

Foi o desejo reprimido que acordou a chama adormecida de Laura.

Conheceram-se pelo Facebook, quando ainda nem o sabor da sexualidade conheciam. Em poucas semanas, abriram o seu mundo uma à outra, tornando-se as melhores amigas que todos em redor elogiavam. Enérgicas, cúmplices, leais e confidentes. O elo da amizade que nenhum parceiro poderia corromper, ou qualquer discussão poderia afastar.

Laura fitou Micaela, vendo-a vestir o seu conjunto preferido. Era composto por uma saia justa preta, um top minúsculo vermelho em renda e um par de tacões altos, da cor do top. Usava uma lingerie que lhe assentava perfeitamente no traseiro firme e redondo, moldando-se delicadamente aos seus seios pequenos.

O conjunto era sedutor e pornográfico, em comparação com a sua roupa interior ridiculamente antiquada. Podiam ter muita coisa em comum, mas a forma de vestir colocava uma barreira solida entre ambas.

Laura era uma mulher recatada desde tenra idade. Mostrava-se tímida em ambiente social, murmurava as frases com o intuito de passar despercebida e abusava consideravelmente das roupas largas para não expor as curvas em demasia.

– Vais assim vestida para a disco? – berrou Micaela por cima do ruido enervante do secador.

Laura suspirou e olhou-se ao espelho do quarto. Vestia um humilde macacão azul, fechado na zona dos seios e calçava umas sapatilhas confortáveis, que utilizara no passado para correr. O cabelo encaracolado pendia-lhe sobre os enormes seios, brilhante e cheiroso.

– Qual é o problema da minha roupa? – questionou ela, remexendo nervosamente no cabelo.

Ouviu os passos de Micaela aproximar-se. Viu-a encostar-se à ombreira da porta, comtemplando-a com uma expressão estranha no rosto. Cruzou os braços e revirou os olhos.

– Estás com ideias de foder com um gajo, ou vieste com espírito de ir à missa?

– Não disse que queria foder um gajo! – contestou ela, surpreendida.

Micaela sorriu.

– Por favor querida! Eu não saio da disco, sem sentir o sabor de uma pila – conclui-o ela, regressando à casa de banho para se maquilhar.

O tique nervoso de Laura brotou das profundezas. A perna esquerda começou um movimento de subida e descida interruptamente, batendo com o calcanhar no chão. Intimamente, apesar de ela nunca ter comentado com Micaela, sentia uma vontade grotesca de voltar a fazer sexo.

Tinha saudades do ritmo cardíaco acelerado, do gosto da penetração, do apetite insaciável por ser comida com mais velocidade e potência, sentindo o pênis afundar-se completamente dentro de si. Ainda era capaz de ouvir o gemido do homem no seu ouvido, liberto das amarras e a libertar o esperma quente na sua cona.

– Estás a ouvir, babe?

Laura pestanejou assustada. Micaela encontrava-se diante de si, imóvel como uma rocha e de olhar esbugalhado. Havia colocado um batom vermelho nos lábios e um pouco de rímel. Por segundos, ela ponderou se a melhor amiga não teria a capacidade de ler os seus pensamentos íntimos, descobrindo a perversidade eloquente que habitava no seu cérebro.

– Perdi a merda do meu totó! Viste-o por aí? Talvez debaixo da porra do teu rabo! – disse ela, apontando para o sítio onde Laura estava sentada.

Ela levantou-se, alisou a colcha da cama e procurou entre os lençóis de seda o acessório da amiga.

– Leva outro qualquer, tens vários! Além disso, acho que ficas mais bonita de cabelo solto! – observou Laura, após desistir da procura.

– Certo, tenho vários! Mas aquele é o único em condições – contestou Micaela, como se tivesse a lembrar uma lei básica da natureza. – Tenho de estar apresentável para quando for chupar alguém.

– Porra, só pensas nisso? – bradou Laura, erguendo os braços.

– Tu não pensas? – respondeu Micaela de pronto, colocando a bolsa ao ombro e saindo com o passo estugado do quarto.

Laura sentiu a face corar, e as bochechas a arder. De facto, ela também pensava nisso. E muito.

Após uma curta viagem de Uber, entraram de mão dada na lotada discoteca da cidade. O ruido da música estremecia as paredes do recinto, enquanto o DJ pedia para o público colocar as mãos no ar e saltar. Anunciaram a presença de um rapper que iria atuar naquela noite, provocando uma gritaria generalizada que levou Laura a tapar os ouvidos.

Micaela surgiu com dois copos de gin na mão, entregou um a Laura e encaminharam-se para os sofás do canto. Os olhares dos homens em redor incidiam sobre elas, como abutres à espera da presa fácil. Laura refletiu acerca disso; como Micaela era uma presa fácil.

Ou seria ela demasiado difícil? Odiou-se por estar com inveja da maneira como a melhor amiga lidava com os homens. Também ela gostaria de ser assim; segura, extrovertida e aberta a foder livremente.

– Olha, aquele mulato não para de olhar para aqui! – exclamou Micaela, dando-lhe uma cotovelada seca nas costelas. Bebeu um trago do gin fresco, e pareceu nem reparar que Laura massajava a zona onde a pancada fora disferida.

– Está a olhar para ti! – reparou Laura. – É para ti que eles olham sempre! Podes ir, eu fico bem aqui com a minha bebida – rematou ela, forçando-se a transparecer simpatia.

– Não! Vamos juntas! – gritou Micaela, balançando o corpo com excitação. – Vamos as duas falar com ele!

Laura não teve tempo para se debater. O braço esguio da amiga puxou-a do lugar, arrastando consigo o copo semicheio da bebida. Infiltraram-se entre o grupo de amigos onde estava o mulato, de ombros largos e braços definidos.

Um piercing brilhava no lóbulo, conferindo-lhe um ar rebelde em contraste com a indumentária fina que vestia; um polo justo ao corpo e umas calças clássicas. A escuridão não permitia antever o que ele trazia calçado, contudo Laura supôs tratar-se de um par de sapatos engraxados.

– Olá, esta é a Laura e eu sou a Micaela – apresentou a amiga, dando um beijo na cara do mulato. O odor a fumo era mais notável naquela área, misturado com o aroma dos perfumes requintados do grupo. Dois rapazes cumprimentaram-nas com um gesticular de cabeça, enquanto os restantes cinco pareceram ignorar a presença delas.

– Boas! Sou o Lucas, estes aqui são o…

– Que achas da minha amiga, Lucas? – interrompeu-o Micaela, hasteando o dedo para Laura.

Laura abriu a boca e fechou-a de imediato. Teve vontade de protestar contra a ousadia de Micaela, em empurrar deliberadamente o mulato para si.

– É muito gira! Assim como tu, gosto de ambas – soltou Lucas sem delongas.

Laura corou e bebeu o que restava do gin, num único trago. Lucas era o tipo de homem que a atraia, com uma voz penetrante e grave, aparência cuidada e bela, um rasgo de irreverência na forma de agir. Inesperadamente, sentiu-se excitada e com vontade de o conhecer melhor; desejo de soltar a língua.

– Também és muito giro, Lucas! És atraente! – elogiou Laura, tirando um cigarro da bolsa de Micaela.

– Está calor aqui dentro! – comentou a amiga, indiferente à tentativa de aproximação de Laura. Olhava por cima do ombro, na direção da porta de saída.

Lucas assentiu, ajeitando o polo na gola. Suava um pouco na temporã. O abdómen definido fazia-se denotar na textura irregular do tecido. Laura mordeu o lábio inferior e pensou para si que o álcool a estava a descontrair.

– Tens isqueiro? – questionou Laura, aproximando a boca ao ouvido de Lucas para ele ouvir. A música parecia ter subido ligeiramente de volume.

– Sim, tenho.

Viu-o procurar o isqueiro no bolso das calças. O seu olhar incidiu inconscientemente na breguilha de Lucas, constatando que era possível detetar um relevo do pênis. Laura abanou a cabeça, cravou a atenção no teto iluminado da discoteca e pensou “Que raio se passa comigo?”.

–  Aqui tens! Posso acender? – ofereceu-se ele, com gentileza. Laura sorriu e colocou o cigarro na boca, inclinando-se para o rapaz. Foi nesse instante que duas mãos pousaram sob o seu rabo, acariciando-o. Uma delas apertou-lhe a nádega com safadeza. – Queres que acenda mais alguma coisa?

Laura rodou a cabeça, e para sua surpresa, uma das mãos que a apalpara era da melhor amiga. Piscou-lhe o olho, passou a língua pelos lábios pintados e inclinou a cabeça. Laura gaguejou, deu uma passa no cigarro e exalou o fumo para o teto. O que significava aquilo? Sem pensar nas consequências, abriu a mão livre e esticou o braço, acariciando o pênis de Lucas por cima das calças.

– Chamamos um Uber e vamos até algum lugar? Conheço um motel barato, aqui perto – sugeriu Micaela, acercando-se de ambos. Lucas concordou e Laura limitou-se a seguir os passos do mulato.

Assim que entrou no carro, o pensamento abateu-se sobre si; que raio estava a fazer? Uma ménage com a melhor amiga e um desconhecido? Quem era aquela Laura? Apesar de não entender a sua própria atitude, o desejo era tanto que não era capaz de recuar.

Queria muito aquilo. Desejava-os, a ambos. Se havia um momento para se tornar noutra pessoa e encarar uma personagem, então aquele era a altura ideal.

Mexeu-se no banco traseiro, onde seguia apertada entre Lucas e Micaela. Em silêncio, colocou as mãos no sexo de cada um dos parceiros. Eles corresponderam à sua iniciativa, com Lucas a desapertar-lhe as calças e a penetrar-lhe a cona húmida com os dedos.

Laura trincou os lábios, contendo os gemidos de prazer para não denunciar ao condutor o ato sexual que decorria nos bancos traseiros. Sabia que devia ter aparado os pelos púbicos, no entanto isso pareceu não incomodar Lucas, que prosseguia entusiasticamente a dedilhada.

Micaela estendeu o braço, passando-o por cima da cintura de Laura, desapertando as calças de Lucas. Agarrou com as unhas arranjadas o pau do mulato, masturbando-o lentamente.

– É enorme – sussurrou ela para Laura, mordendo-lhe o pescoço suado. Lucas beijou-a no lado direito do pescoço e ela aproveitou a movimentação dele para ver o pênis. As pernas estremeceram de tesão ao admirar o membro, repleto de veias salientes, grosso e comprido. Era circuncisado, com um conjunto de pelos encaracolados em redor aparados e de aspeto asseado.

– Chegamos! – avisou o motorista, apresentando uma expressão de desdém quando percebeu que a morada era de um motel. Fitou-os com censura quando Lucas pagou a corrida, e arrancou abanando a cabeça em sinal de reprovação.

Aquela atitude provocou um ímpeto diferente em Laura. Estava a fazer algo reprovável pela sociedade, sujo e censurável. Estava prestes a foder com duas pessoas de sexos diferentes, sendo assim de certa forma, a sua primeira experiência com alguém do mesmo sexo.

– Que tesão que isto me dá – murmurou ela para Micaela, enquanto Lucas tratava do processo de entrada no quarto. A amiga anuiu, beijaram-se lentamente, entrelaçando as línguas.

O quarto era inovador, com espelhos a percorrer o teto, luzes por baixo da cama redonda e um varão no centro. O espelho por trás da cama, tinha uma frase estampada no vidro, e foi através dele que Laura viu Lucas beijar esfomeadamente Micaela, enquanto a despia.

Sentou-se na cama e apreciou o espetáculo pornográfico. Despiu as calças desconfortáveis, encostou-se à cabeceira de cetim e masturbou-se, admirando como os corpos deles se contorciam de prazer.

Micaela ajoelhou-se e inseriu o pênis rijo e longo na boca. Chupou sofregamente, espalhando bastante saliva pelo membro. Lucas agarrava-lhe o cabelo, como um autêntico cavalheiro, em busca do conforto da sua senhora.

– Vens? – perguntou ele, olhando para a vagina encharcada de Laura.

– Vou! Importaste de partilhar, babe? – questionou ela, gatinhando até Micaela. Passou-lhe a mão nos glúteos arredondados e sentiu uma tentação inexplicável por lhe lamber a vagina cuidada e depilada.

– Não me importo nada, amor! – respondeu ela, apressando-se a colocar o pau de Lucas nos lábios da amiga.

Partilharam o sexo do rapaz durante largos minutos, rodando-o de boca em boca como se fosse um charro. A saliva de ambas pingava no chão do quarto, e da divisão ao lado, surgiam gritos de prazer de uma mulher em inglês.

Sem uma única palavra, Lucas levantou-as do chão e com indicações, pediu-lhe para se sentarem no colchão macio. Os gemidos de Micaela misturaram-se com os da mulher do quarto do lado, quando Lucas lhe lambeu o clitóris. A língua do mulato subiu e descia, incansável pela esbelta cona dela.

– Vais ficar parada? – quis saber Micaela, com a voz embargada da excitação. Laura congelou. O que poderia fazer? Lucas continuava dedicado em chupar a amiga. – Anda, abre as pernas e senta-te em cima da minha cara!

A vergonha invadiu-a. Não se sentia com coragem para que Micaela lhe lambesse a vagina. Tinham crescido juntas, partilhado as primeiras experiências sexuais, confidenciado os segredos mais profundos e secretos uma na outra.

– Anda, ou preferes ficar a olhar? Limita-te a deixar o tesão falar por ti!

Laura fechou os olhos, respirou fundo e seguiu o impulso. Sentou-se sob o rosto de Micaela, enquanto Lucas a penetrava. Ela soltou um grito quando o pênis entrou dentro de si, transferindo a energia para a ponta da língua e acariciando o clitóris de Laura. Foi como se uma faísca se soltasse dentro dela, e Laura não se conteve.

Gemeu de prazer, rebolando as nádegas no rosto de Micaela. Estava sedenta, indiferente ao que adviria daquela relação a três. Os seios pequenos de Micaela balançavam ao ritmo das batidas da penetração. A temperatura corporal de Laura estava elevadíssima.

As pernas tremiam e a barriga ficara tensa sempre que a língua de Micaela acelerava as lambidelas no seu clitóris enrijecido. O canal vaginal encontrava-se expandido, pronto para a penetração.

– Agora és tu – disse Micaela, descendo do colchão. Os lençóis apresentavam uma larga mancha de suor no local onde ela tivera deitada.

Laura resfolgou, antes de se colocar de quatro, ansiosa pelo pau grosso de Lucas. Ele penetrou-a fundo, agarrando-lhe nas ancas e comendo-a com intensidade. Laura gritava, retendo-se de soltar obscenidades pela boca fora. Micaela sentou-se diante de si, deitando-se na almofada e abrindo as pernas.

Laura não sabia como fazê-lo, contudo, inclinou o tronco e chupou a vagina húmida de Micaela. Detinha um sabor fresco e limpo, com um travo de morango que Laura suspeitou tratar-se do lubrificante que Lucas colocara.

– Chupa! Anda cabra, lambe-me toda – exigiu Micaela, apertando as coxas contra a face de Laura. Ela agarrou-lhe nas pernas macias e lambeu-lhe a cona afincadamente.

O pênis de Lucas entrava e saia com enorme facilidade, de tal forma que a vagina de Laura se encontrava dilatada. Queria mais, sentir mais e ser comida com brutalidade. Rugiu de prazer quando ele lhe abriu gentilmente as nádegas e enfiou tudo dentro de si. Por segundos, ponderou se a sua cona não seria minúscula para receber um pau daqueles na totalidade.

Levantou o rosto do meio das pernas de Micaela e disse:

– Agarra-me o cabelo e fode-me com força!

Lucas sorriu, mordeu-lhe o pescoço e obedeceu. Os minutos seguintes foram uma autêntica loucura, com Micaela a ejacular nos lábios de Laura, apanhando-a de súbito. Ela não se importou minimamente, sendo o sabor da ejaculação dela algo diferente, mas doce.

Quando ele a virou de frente para si, abraçando-a contra o seu tronco suado e quente, duro e trabalhado, fodendo-a sem dó e rodeios, ela sentiu que o orgasmo estava prestes a chegar. Contemplou o espelho do teto, vendo a sua face corada e os seus olhos brilhantes.

O cabelo estava desgrenhado. Concentrou-se nos sons envolventes; os seus brincos de pérolas a tintilar, os gemidos sussurrados por Micaela nas suas costas ao masturbar-se, o respirar pesado de Lucas ao seu ouvido e o grito grotesco da mulher do lado.

– Ah! Vou me vir! – anunciou ela, antevendo o grito explosivo que as suas cordas vocais produziram quando o orgasmo a alcançou.

O coração bateu descontroladamente no peito, a cona apertou-se momentaneamente e as suas unhas cravaram-se no dorso do rapaz. Um estímulo eletrizante percorreu-lhe o corpo todo, de cima a baixo. Revirou os olhos e desmontou do enorme pau.

Ficou a arquejar de cansaço, tremelicando no chão fresco e aprazível do quarto, visualizando o insaciável Lucas ocupar-se da cona ainda insatisfeita de Micaela.

O coração começava a diminuir o ritmo, a serenar. Sentia-se como nunca se sentira; livre, desejosa, pura de espírito e uma puta de safadeza. Sentiu que naquela hora quebrara o tabu da rapariga que todos viam, e da pessoa que não pretendia ser. Pela primeira vez sentia-se… Mulher.

O sol pareceu brilhar de forma díspar na manhã seguinte, quando abandonaram juntos o quarto do motel. Para trás ficara uma noite inesquecível, com duas horas de sexo a fio e uma sessão de banho, onde Lucas se deliciara a ver as melhores amigas a lavarem-se uma à outra. Para trás ficara a rapariga contida e tímida, e agora, sob o sol resplandecente da manhã, nascera a nova Laura; mulher.

Autor: João Rodrigues

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